Impeachment pode ser dia 12!
Fundado em 1924, o tradicional clube do Juventus, da Mooca, está mergulhado em uma crise política ainda sem precedentes. Após a Gazeta Esportiva revelar com exclusividade áudios gravados de reuniões com a cúpula diretiva do clube que apontam uma tentativa do presidente Domingos Sanches e do vice Saulo Moisés Franciscon de mascarar prejuízos ao Conselho Deliberativo, os membros do órgão fiscalizador juventino resolveram dar início a um inédito processo de impeachment dos atuais gestores eleitos em maio de 2016 e com mandato previsto até 2019. No próximo dia 12 de março, uma reunião extraordinária votará, após ouvir acusação e defesa, se o impedimento prossegue ou não.
Em meio a toda essa turbulência, uma verdadeira guerra se instaurou entre os atuais gestores e o ex-diretor de marketing, Adriano Daré, responsável pelas gravações e exonerado do cargo em novembro do ano passado. Agora, Daré sequer pode pisar dentro do clube. Não bastasse a representação judicial registrada contra sua pessoa, no último dia 20, Domingos Sanches o suspendeu de forma preventiva por 90 dias com a justificativa de que nesse período a Comissão de Sindicância analisaria todo o caso.
O ex-diretor de marketing, sócio do clube, é obrigado a respeitar a determinação. Entretanto, Daré buscou se defender da acusação de ter editado os áudios. Por meio de um laudo assinado pelo perito Adrian Ramos após análise das gravações, a conclusão técnica foi de que os arquivos não sofreram cortes, colagem, inserção ou alteração, eliminando assim a possibilidade de montagem.
A Gazeta Esportiva teve acesso ao laudo referido e a conteúdos de documentos e e-mails pertinentes aos eventos que causaram prejuízo e se tornaram foco das discussões reveladas pelos arquivos sonoros.
“Eu acho que a estratégia da atual diretoria executiva, por eu ter tantos documentos que provam que tudo que eles falaram é mentira e tudo que eu falei é verdade, talvez eles me proibiram de entrar (no clube) até para eu não fazer o corpo a corpo, o que eu jamais faria”, aponta Adriano Daré, em contato com a reportagem.
“Eles falam o que eles querem. Eles me acusaram sobre eu ter sumido com um computador, o que é a coisa mais insana do planeta. Eu ainda tenho propriedades lá dentro que valem muito mais que um computador usado. Eles não têm a menor noção. Falaram que fizeram um B.O (Boletim de Ocorrência) de furto, o que também foi mentira. Eles se enrolam na mentira”, completa.
Daré também aproveita para externar que vem sofrendo com acusações de ter sido o responsável pelo vazamento do áudio.
“Independente do vazamento do áudio, que não foi bom para nenhuma das partes, eu lhe garanto que é legítimo. E as pessoas se apegam no áudio em se ele é ou não legítimo. E nada verdade as pessoas deviam se atentar com o conteúdo de cada parte daqueles áudios”, avalia.
“Eu tenho esses áudios desde outubro, sempre ficaram comigo, guardado. Não era meu interesse esses áudios vazarem, até para não ferir o clube. O que eu fiz apenas foi pedir uma ajuda ao Conselho. Eu tive que passar esses áudios para o Conselho para eles poderem analisar. Só que a gente não tem o poder de saber quem fez isso (vazou), mas, enfim, agora que já aconteceu e com o laudo de perícia dando que ele é autêntico, a gente toma outras atitudes”, explica, antes de concluir.
“Eu pedi para se fazer a perícia criminal. Eu posso usar isso em juízo, assinado por um perito. Estou indo atrás da verdade, porque eu sofri acusações e diante das acusações eu estou me defendendo. Até agora eu estava quieto”.
Sergio Liberatore e Vagner Duenas Valenzuela, ex-diretores dos departamentos comercial e informática, respectivamente, pediram renúncia de vossas atribuições depois dos acontecimentos.
Calotes
Só em notas fiscais datadas entre agosto e outubro de 2017, o Juventus deve R$ 23.200,00 em comissões a Adriano Daré. E apesar do mandatário Domingos Sanches sustentar a tese de que os eventos Bacon Day e Uma Noite Perfeita, ambos realizados na sede social do Juventus em setembro de 2017, foram promovidos por Adriano Daré apenas em parceria com o clube, as notas fiscais de algumas das atrações das festividades confirmam que todas as tratativas foram constituídas diretamente com o Juventus, e não em particular com o diretor afastado.
Só em notas fiscais datadas entre agosto e outubro de 2017, o Juventus deve R$ 23.200,00 em comissões a Adriano Daré. E apesar do mandatário Domingos Sanches sustentar a tese de que os eventos Bacon Day e Uma Noite Perfeita, ambos realizados na sede social do Juventus em setembro de 2017, foram promovidos por Adriano Daré apenas em parceria com o clube, as notas fiscais de algumas das atrações das festividades confirmam que todas as tratativas foram constituídas diretamente com o Juventus, e não em particular com o diretor afastado.
A Banda São Paulo Show, por exemplo, contratada para se apresentar na Noite Italiana, evento este realizado em agosto, e também para abrir o show de Henrique e Diego no evento Uma Noite Perfeita, além de cuidar de iluminação e telões, sofreu um calote de R$ 17 mil.
“Não recebi o baile de agosto, a Noite Italiana. Dei nota fiscal, não recebi nada, nem um real. Depois fiz Dayane e Michell e também não me pagaram. Tudo ficou ruim depois que um tal de Fábio entrou no meio lá”, reclama João Luiz de Souza, dono da Banda São Paulo Show, se referindo a Fábio Esteves, amigo da família do presidente Domingos Sanches e que repentinamente foi inserido no clube para assumir as operações de bar dos tais eventos, além de receber aval para representar o Juventus em novas negociações.
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“Eu já fui no clube. Eles simplesmente falam que não têm dinheiro. Já falei com o Daré. Se o Daré estivesse lá eu tinha recebido. Entrou esse Fábio, que me cortou, e eu me ferrei”, explica João, claramente preocupado com a situação delicada em que se encontra nesse momento.
“Eu não posso brigar na justiça, porque dia 7 de abril faço formatura lá. O evento não é do Juventus, mas a festa vai ser no salão deles. Se eles falarem ‘a São Paulo Show não entra’, eu perco o baile. Não posso brigar, não posso pôr na justiça, mas quebrou as minhas pernas”.
As reclamações de João não param por aí. “Eles me prometeram que iriam me dar o Carnaval, mas contrataram uma banda amiga minha. Me deixaram de fora e ainda pagaram antecipado R$ 90 mil para a banda que fez o Carnaval lá. E para mim não pagam”.
Outro que se diz lesado e também acusa o Juventus de calote é Giuliano Guedes, detentor da marca Bacon Day no Brasil. Giuliano refuta ter feito acordos com Adriano Daré e garante que tudo foi acertado com o clube da Mooca.
“Tudo foi feito com o Juventus. Se o Daré trabalha lá, eu não sei, mas tudo foi acertado com Juventus”, diz. “Falei com tanta gente lá, cheguei a conversar com o vice (Saulo Moisés Franciscon), alguns diretores. Mas eu não fechei nada com o Daré, fechei com o Juventus”, reitera.
Segundo Giuliano Guedes, o acordo previa que ele seria responsável por 60%, enquanto o clube ficaria com 40%, fosse de lucro ou prejuízo do evento Bacon Day. “Eles não honraram com a parte deles no prejuízo. O que faltou nessa história toda foi o Juventus arcar com a parte dele do prejuízo”, explica, para em seguida revelar o problema que isso tem lhe causado.
“Eu recebi uma cobrança da Rádio 89 FM, seria de um anúncio. Nunca assinei nada, mas eu fui saber o valor quando já estava veiculado lá”, conta o empresário, que agora está com o nome protestado por causa de R$ 14 mil. “Eu vou ter que gastar com advogado, esperar e meu nome fica protestado. Só depois disso eu posso acionar alguém”, esbraveja.
Há uma questão importante nesse imbróglio que é o fato de Giuliano Guedes não ter efetivamente assinado o contrato com o Juventus. Todas as tratativas foram lideradas por Alexandre William Leal, da Wap Produções, representante de Giuliano em São Paulo. “Eu não assinei (o contrato). Se ele assinou, assinou sem a minha autorização”, afirma o detentor da marca Bacon Day no Brasil.
A reportagem entrou em contato com Alexandre, que preferiu não se manifestar. O fato, no entanto, é que realmente Alexandre foi o responsável pela concretização do acordo com o Juventus.
Comentários
Não concordo que vai acabar em pizza, o Brasil aos poucos vai mudando e acredito que não vão permitir que após todo esse escândalo comprovado, que essa diretoria continue no comando.
Depois de tudo que aconteceu, das fraudes dos calotes e etc, só falta essa diretoria continuar no comando.
Ihhhhhhh estava sonhando com tudo isso e acabei de acordar.....