Fox Sports faz justa homenagem a Elias Passaro

Elias Pássaro: massagista do Juventus da Mooca há 59 anos

No dia do massagista, FOX Sports conta a história do homem que viu o gol mais bonito já marcado por Pelé

Elias Pássaro é o funcionário mais antigo do Juventus: são 59 anos no clube (FOX Sports)
Elias Pássaro é o funcionário mais antigo do Juventus: são 59 anos no clube (FOX Sports)
Nascido na rua ao lado do estádio do Juventus, Elias Pássaro era o único dos oito irmãos que costumava pular os muros do clube para assistir aos jogos. Passava tanto tempo ali que o massagista da época, ‘Seu Bianchi’, o chamou para trabalhar com ele. Elias aceitou e logo assumiu a função que exerce até hoje. Quase seis décadas depois, mantém o mesmo bigode e o forte sotaque paulistano do bairro da Mooca. O massagista Elias é o funcionário mais antigo do tradicional Juventus. Ele conhece cada canto do estádio como conhece cada coxa de jogador que passou pela equipe nas últimas décadas.
Ele estava em campo quando Pelé fez o que considera o gol mais bonito de sua carreira, quando chapelou vários jogadores do Juventus antes de marcar o tento. “Foi espetacular”, diz ele. Não existe nenhum registro em imagem desse gol, que só pode ser reconstituído a partir de depoimentos. Elias lembra com clareza de um dos melhores e mais bonitos gols que já presenciou e se refere ao Pelé como ‘o homem’.
“O homem estava jogando. A torcida xingando. Eu estava sentado no banco de reservas e dizia: ‘Estão mexendo muito com o homem, daqui a pouco vai dar a louca nele. E não deu outra: o homem saiu feito uma fera lá de baixo, veio até aqui e fez aquele gol que a gente não esquece. Driblou um, dois, três, depois do terceiro ele chegou no goleiro. O Mão de Onça mergulhou em cima dele, o Pelé passou por baixo e entrou de cabeça. Depois disso, a torcida, que até então estava xingando, ficou inteira de pé e aplaudiu.”
Ainda que contra o clube, o Juventus quis fazer uma homenagem ao famoso gol e ergueu um busto do Pelé em frente ao campo. Ao lado do Rei, um busto de outro ídolo do futebol juventino: Clóvis. “Esse aqui é um jogador muito antigo”, resume um funcionário do clube, enquanto retira da cabeça da estátua uma coroa de papel da lanchonete Burger King: “Olha o povo sacaneando aí”.
Mas, para Elias, o “professor” – como Clovis era chamado pela torcida - foi um dos maiores jogadores a passar pelo clube. “Em todos os sentidos ele foi um grande jogador. No futebol, no respeito e no amor à camisa. Clóvis nunca foi expulso, nunca bateu em ninguém. Era uma moça, um ‘gentleman’ dentro de campo. Tinha tudo quanto é qualidade boa.”
Numa época em que massagista fazia as vezes de pai, psicólogo e médico, Elias gostava de conviver com os jogadores, mas “até certo ponto”, como ele explica. Nunca gostou das rodinhas de fofocas e o único conselho que daria a futuros massagistas seria esse: não se meter em fuxico. “Jogador é fogo. São fofoqueiros, fazem intriga.”
Trabalhou no campo durante 40 anos, atendendo a jogadores machucados. Tudo era resolvido na base do éter ou do gelo, dependendo da situação. Quando o Juventus estava ganhando, tinha vezes que entrava em campo só para fazer cera. “Deixava a malinha cair no chão de propósito, todos os remédios se espalhavam pelo chão e o juiz vinha pra cima. Mas não adiantava nada, já tinha ‘comido’ alguns minutos”, conta.
Também viajava e se concentrava com o time. Mas desde que perdeu um filho, ‘ficou chateado’ e prefere ficar somente no departamento médico.
Para ele, um dos momentos mais tristes de sua carreira foi quando Buzzoni, outro ídolo do clube que se perdeu no tempo, se chocou contra outro jogador numa partida na Bahia. Buzzoni rompeu o ligamento, ficou quase um ano afastado e nunca mais voltou a jogar como antes. “Era um grande cara, como na moda de dizer da gíria”.
Durante todo o tempo no clube, teve apenas um desafeto: o Amorim. “Era muito metido, cheio de não me toques, não me mexe. Queria falar grosso, não respeitava os outros. Eu não gostava dele e ele não gostava de mim.”
Para Elias, o futebol moderno matou o jogo. “Hoje em dia o dinheiro canta mais do que a camisa. O jogador se destaca um pouco, ganha dinheiro e quer comprar um carro. Você já viu quanto o Neymar ganha? É um absurdo”, diz ele.
Apesar do desgosto com o futebol atual, Elias acredita que o Juventus está pronto para voltar à primeira divisão. Com 83 anos, pretende continuar como massagista enquanto ‘as pernas aguentarem’.
Pelas ruas do bairro onde nasceu, viveu e casou, todos conhecem e cumprimentam o homem que, por não gostar de ‘fuxico’, leva consigo todas as histórias de 59 anos do ainda hoje conhecido “Moleque travesso”. (Por: Manuela Azenha)

Comentários

JOSE PASSANANTE disse…
SENSACIONAL, FALTA UM BUSTO NA JAVARI, O BUSTO DO ELIAS, ESTÁ LANÇADA A IDEIA
JOSE PASSANANTE disse…
TÁ BOM JAIR, ENTÃO UMA PLACA VAI